NOTA:
O texto a seguir não é de minha autoria. Fonte e autor seguem abaixo. Grifos e
edições minhas.
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Resenha:
Manifesto Comunista - Por Juliano Wentz
Desde os primeiros tempos da História a
sociedade existiu através da luta de classes sociais, ou seja, entre burgueses
e proletários, verificamos assim, quase por toda parte, uma completa divisão da
sociedade em classes distintas, uma escala graduada de condições sociais que
reina até os dias de hoje. Desde a época do feudalismo, a sociedade divide-se
em dois campos antagônicos: a burguesia e o proletariado. Os burgueses se
fortificaram com o desenvolvimento do comércio, que desde então vem a
fortificar seu poder, tanto financeiro quanto político. A industrialização
também vem a privilegiar o burguês, pois a burguesia só pode existir com a
condição de revolucionar incessantemente os instrumentos de produção, por
conseguinte, as relações de produção e, com isso, todas as relações sociais.
Com o estabelecimento da indústria moderna e do mercado mundial, a burguesia
conquistou autoridade política exclusiva no Estado representativo moderno. Um
dos principais fatores que levam a burguesia a um acúmulo de capital são os
baixos preços de seus produtos.
A sociedade rural da vida feudal perdeu
sua importância, a burguesia subjugou o país às leis das cidades. A população
urbana aumentou grandemente. Do mesmo modo, os países bárbaros tornaram-se
dependentes dos países civilizados. Com o desenvolvimento da burguesia
(capital), desenvolve-se também o proletariado, a classe dos operários
modernos, que só podem viver se encontrarem trabalho e que só o encontram na medida
em que este aumenta o capital. Esses operários, constrangidos a vender-se
diariamente, são mercadoria, artigo de comércio como qualquer outro.
O crescente emprego de máquinas e a
divisão do trabalho, despojando o trabalho do operário de seu caráter autônomo,
tiraram-lhe todo atrativo. O produtor passa a um simples apêndice da máquina e
só se requer dele a operação mais simples. A organização do proletariado em
classe e, portanto, em partido político, é incessantemente destruída pela
concorrência que fazem entre si os próprios operários. O custo de produção de
um trabalhador é restrito, quase completamente, aos meios de subsistência que
ele requer para a sua manutenção e para a propagação de sua raça.
De todas as classes que ora enfrentam a burguesia,
só o proletariado é uma classe verdadeiramente revolucionária. As outras
classes degeneram e perecem com o desenvolvimento da grande indústria; o
proletariado, pelo contrário, é seu produto mais autêntico. O movimento
proletário é o movimento espontâneo da imensa maioria em proveito da imensa
maioria. O proletário, a camada inferior da sociedade atual, não pode
erguer-se, pôr-se de pé, sem fazer saltar todos os estratos superpostos que
constituem a sociedade oficial.
A condição essencial da existência e da
supremacia da classe burguesa é a acumulação da riqueza nas mãos dos
particulares, a formação e o crescimento do capital; a condição de existência
do capital é o trabalho assalariado. Este baseia-se exclusivamente na
concorrência dos operários entre si.
“A
burguesia produz, sobretudo, seus próprios coveiros. Sua queda e a vitória do
proletariado são igualmente inevitáveis”.
Proletariados
e Comunistas
Os comunistas apoiam os proletários como
um todo, pois objetivo imediato dos comunistas é o mesmo que o de todos os
demais partidos proletários: constituição dos proletários em classe, derrubada
da supremacia burguesa, conquista do poder político pelo proletariado. A
característica distinta do comunismo não é a abolição da propriedade em geral,
mas a abolição da propriedade burguesa. Censuram os comunistas por querer
abolir a propriedade pessoalmente adquirida, fruto do trabalho do indivíduo,
mas o trabalho assalariado não cria propriedade para o proletário, cria o
capital, isto é, a propriedade que explora o trabalho assalariado.
O capital é um produto coletivo: só pode
ser posto em movimento pelos esforços combinados de muitos membros da
sociedade. O capital não é uma força pessoal; é uma força social. Assim, quando
o capital é transformado em propriedade comum, pertencente a todos os membros
da sociedade, não é uma propriedade pessoal que se transforma em propriedade
social.
“O
que queremos é suprimir o caráter miserável desta apropriação que faz com que o
operário só viva para aumentar o capital e só viva na medida em que o exigem os
interesses da classe dominante.”
A teoria dos comunistas pode ser resumida
na sentença: abolição da propriedade privada, o fim da exploração dos muitos
pelos poucos. Na sociedade burguesa existente, a propriedade privada já acabou
para nove-décimos da população. A sua existência para os poucos deve-se
simplesmente à sua não existência nas mãos desses nove-décimos.
O comunismo não retira a ninguém o poder de
apropriar-se de sua parte dos produtos sociais, apenas suprime o poder de
escravizar o trabalho de outros por meio dessa apropriação. Na proporção em que
a exploração de um indivíduo por outro termina, a exploração de uma nação por
outra também terminará. Na proporção em que o antagonismo entre classes dentro
de nações desaparece, a hospitalidade de uma nação para outra terminará. A
supremacia do proletariado fará com que os antagonismos sociais desapareçam ainda
mais depressa. A ação comum do proletariado, pelo menos nos países civilizados,
é uma das primeiras condições para sua emancipação. O proletariado utilizará
sua supremacia política para arrancar pouco a pouco todo capital da burguesia.
A história de toda a sociedade antiga constitui no desenvolvimento de
antagonismos de classe, antagonismos que assumiram formas diferentes em épocas
diferentes.
Em suma, o comunismo é a ruptura mais
radical com as relações de propriedade tradicionais existentes no capitalismo,
em que o desenvolvimento livre de cada um é a condição para o desenvolvimento
livre de todos.
Esta obra reflete a visão critica de Marx e
Engels sobre o capitalismo, a luta e a necessidade da união dos proletários
contra a burguesia. Publicada em 1847. Constituindo-se num importante documento
que delineava em seus pontos essenciais as bases econômicas e a luta de classe
como o motor da história. Segundo seus autores, para surgir uma sociedade sem
classe e sem exploração, esta só seria possível através da união dos
proletários. Este documento histórico é um ponto de convergência de várias
tendências políticas e ideológicas, baseado em muitas lutas proletárias e que
viria influenciar gerações posteriores do movimento operário e as posteriores
lutas de libertação do homem pelos seus direitos. [Os autores], em sua obra,
fornecem instrumentos necessários para a compreensão da exploração do homem em
suas diferentes dimensões, mostrando as contradições de realidade.
Este
documento destaca as duas grandes
classes oposta: a burguesia e a proletária. Burguesia, classe surgida com a
decadência dos feudos, seus “superiores naturais”, e ao se livrarem dos seus
poderes, substituem essa liberdade conquistada com tanto reforço e em lugar de exploração velada por ilusões
religiosa e politicas, a burguesia colocou uma exploração aberta, cínica direta
e brutal, rasgando o véu do sentimentalismo que envolvia as relações da família
e reduziu-as em simples relação monetária.
[...]
Na compreensão de Marx e Engels, os
comunistas deveriam procurar constituir-se em grupos organizados no interior
dos partidos operários de massa que possuíssem nítidas características
democráticas, a fim de dar-lhe direção mais firme na luta socialista.
Concluem afirmando que os comunistas dariam
seu total apoio a qualquer atividade revolucionária que se movimentasse contra
o estado de coisas existente em qualquer tempo e lugar, salienta ainda que os
comunistas deveriam estar empenhados na união e no entendimento com partidos democráticos
de todo mundo.
Nota-se
que os autores não estavam preocupados em apresentar uma fórmula universal,
pronta e acabada de partido, e sim, princípios que deveriam ser adaptados às
organizações proletárias tendo como objetivo final a transformação da classe
trabalhadora na verdadeira liderança intelectual e política de cada país.
Diante disso, pode-se finalizar dizendo que essa obra em questão constitui um
magnífico instrumento para a humanidade, pois nos pensamentos transcritos nesse
documento representa um agudo grito contra o processo mecânico e a alineação do
homem, contra sua perda da cidadania, de humanidade e sua transformação em objeto explorado.
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Fonte
na íntegra e sem edições minhas disponível em (https://pedagogiaaopedaletra.com/resenha-manifesto-comunista).
Acesso em 09/06/2017.
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